quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Crédito imobiliário cresce 55% no 1º semestre e bate recorde

O mercado imobiliário deve superar a previsão de encerrar 2011 com R$ 85 bilhões contratados em financiamentos com recursos da caderneta de poupança, segundo estimativa da associação que representa o setor no País, Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Os recursos concedidos pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) para financiamento imobiliário atingiram recorde de R$ 37 bilhões de janeiro a junho, alta de 55% sobre o mesmo período de 2010. O montante equivale a 44% da previsão da entidade para o ano. Em 2010, os financiamentos imobiliários somaram R$ 83 bilhões. "Podemos ter surpresas em relação aos R$ 85 bilhões projetados. A previsão tem viés de alta", disse o presidente da Abecip, Luiz Antonio França, a jornalistas nesta quarta-feira.
Se considerados ainda os recursos provenientes do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o volume contratado no primeiro semestre salta para R$ 49,9 bilhões, 38% superior ao apurado um ano antes. "O segundo semestre é muito mais forte que o primeiro. Se este comportamento for mantido, devemos superar os R$ 85 bilhões", acrescentou França, se referindo à tendência de ter cerca de 60% das contratações concentradas na segunda metade do ano.Em termos de unidades, nos seis meses até junho foram financiados 236,5 mil imóveis pelo SBPE, número 26% maior em relação ao mesmo período de 2010. Somadas as unidades adquiridas via FGTS, o volume foi de 645 mil imóveis. Deste total, 67,5% foram equivalentes a imóveis usados.A previsão da Abecip é de que, este ano, sejam contratadas 540 mil unidades pelo sistema. Os resultados do semestre apontam a manutenção da demanda aquecida por imóveis no País, apoiada em queda da taxa de desemprego e aumento da renda média da população.Conforme França, o cenário de aumento da taxa de juro não implica em preocupações para o setor, considerando que a maior parte dos recursos é proveniente da poupança, cujas taxas são fixas. "A influência (do juro maior) nesse mercado é muito pequena", disse ele.Dos R$ 37 bilhões financiados no primeiro semestre, o maior volume, R$ 19,8 bilhões, foi destinado à aquisição de imóveis, enquanto o restante foi para construção. O percentual financiado no período foi de 62,7% no semestre, o que equivale a uma entrada de 37,3% do valor do imóvel, em média. Já o valor médio dos financiamentos ficou em R$ 156 mil. Em 2011 até junho, o índice de inadimplência do setor ficou em 1,15%, considerado "bastante adequado para o segmento", segundo França.Poupança
De acordo com a Abecip, as cadernetas de poupança mostraram recuperação em junho, com captação líquida de R$ 1,2 bilhão após dois meses consecutivos de resgates. A Caixa Econômica Federal, por sua vez, informou nesta quarta-feira que encerrou julho com captação líquida de R$ 2,5 bilhões, maior captação líquida do ano e a terceira maior em dez anos. Com isso, a instituição passou a contar com R$ 139 bilhões em saldo de poupança.
Nesse sentido, França reiterou a previsão de que os recursos da poupança não serão suficientes para atender a demanda por crédito imobiliário. "O mercado vai crescer mais que a poupança... estima-se que, em 2013, a caderneta de poupança não consiga financiar todo o volume necessário". A Abecip entregará ao Banco Central, até o final deste mês, a minuta de um projeto para acelerar a utilização de outros mecanismos de concessão de crédito, como os 'covered bond' - emissão de papéis com maior garantia -, adotados na Europa.

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